Caíque Costa, fotógrafo brasileiro com caráter artístico, bacharel Interdisciplinar em Artes, pela UFBA, nasceu em 23/01/1980, natural e radicado em Salvador/BA.
A arte sempre esteve presente como desejo maior para segui-lo como profissão, mas na adolescência foi com as promessas de mercado que seu pai o convenceu a seguir a carreira da Ciência da Computação. Somente após se estabelecer como analista de sistemas que conseguiu voltar a se conectar à carreira artística, já com seus 37 anos.
Sua principal linguagem artística é a fotografia. Nela, procura subverter a técnica ainda dominante na arte de considerar o produto fotográfico como resultado de um processo mecânico — registro, documento associado à realidade. “Na arte, podemos (re) criar histórias, construir realidades”. Possuí um olhar inclinado a captar as paisagens marítimas de grandes cidades litorâneas, sobretudo a qual habita, enfatizando a relação da população com o mar. Deixo-se afetar por essas paisagens e todas as lembranças que lhe trazem. Utiliza a longa exposição para transformar os cenários fotografados em imagens-poesias, ressignificando-os.
“Para mim, arte é um sentido para a vida. É algo que nos instiga, nos provoca, nos faz sair do eixo e repensar conceitos e atitudes. É também capaz de proporcionar novas experiências, criar universos paralelos, misturar realidade e ficção, nos levar ao desconhecido. Arte é tudo o que carregamos conosco, mas nem sempre temos coragem de libertar. Mas, se nos abrirmos para ela, conseguimos nos conectar a nós mesmos e ao mundo, passando a entender a nossa própria existência”.
Para o artista fica evidente que nossas memórias são repletas de lacunas, que tentamos preencher sempre que as resgatamos, consciente ou inconscientemente. As fotografias do seu trabalho corteja a pintura, possuem traços impressionistas e expressionistas, uma estética híbrida que representa essas memórias. Os objetos perdem seus limites, fundem-se em seus contornos. As cores vibrantes e a deformidade provocada pelo movimento inquieto da câmera dramatizam a cena, as quais são compostas de forma a subverter os cânones fotográficos. Assim, a nitidez das imagens dá lugar à dúvida, à imprecisão. As figuras presentes podem ser reconhecidas — tem ligação direta com o mar —, mas por vezes estão fragmentadas. O mar, protagonista, preenche quase por completo o plano pictórico. O trabalho convida o observador a instantes de incômodo, nos quais as recônditas memórias individuais são alcançadas de modo a completar a obra inacabada. Nesse momento, as memórias do artista e do público confluem, como duas correntes marítimas. Por isso, as obras propiciam novas experiências e outras imagens surgem a cada observação.
Participou de diversas exposições e entre citamos: “O mar que nos une”, em 2019, em Salvador/BA; “Delicadeza”, em 2019, no Festival de Fotografia de Tiradentes/MG; e sua Exposição individual, intitulada “e todo caminho deu no mar”, em 2018, em Salvador/BA.
Premiado com: menção Honrosa na convocatória para exposição “Universo Feminino — Singular e Plural”, em 2019, em Camaçari/BA; 3.º lugar no Prêmio Lewis Hine de fotografia, edição 2017, em São Paulo/SP.
Seu trabalho resgata memórias da infância, em que a paisagem avistada através da janela de um automóvel ou uma mera distração de descanso semanal, ali estava o mar, aquela companhia constante para ele.
Cenas corriqueiras observadas, mas nem sempre sentidas, no frenético cotidiano urbano das grandes cidades litorâneas, fazem parte da composição total do seu trabalho. Algo que pode estar ali ao alcance, mas escapa por algum motivo, logo insentido por não ser vivido em sua completude. Reaproximando-o do mar, das experiências que o tornam quem ele é, das suas próprias raízes e da sua essência. Suas obras estão para estimular o observador a voltar para si, a mergulhar no mar de memórias que o constitui.
“Inquietação é palavra de ordem na arte. Nada pode prejudicá-la mais do que a acomodação e a fixação”.